Parabéns, Gata Velha
Despeço-me dos meus 21 anos que não cheguei a viver. Veio uma brisa e apagou tudo aquilo que tinha planeado. Hoje aprendi que fazer planos é erróneo, hoje sei que não devo viver para o futuro, hoje aprendi que nada mais importa do que este momento, pois o passado e o futuro não são comensuráveis, são Ideias. Hoje sinto-me uma alma velha, com muito conhecimento da vida, mas cansada. De certeza que vou recuperar a minha jovialidade, mas tenho marcas na cabeça que nunca vou esquecer.
Ninguém pode desejar uma coisa assim, por muito que se tenha aprendido. Aconteceu, então é bom gozar o momento, por mais difícil que seja. Não peço para viver os meses que me foram roubados, as experiencias que não tive, não peço para voltar a ter aquela ingenuidade que me tornava docemente ignorante e feliz. Peço para me lembrar sempre que cada dia é especial, cada olhar, cada toque, e saber saboreá-los como únicos que são. Afinal, estou a fazer anos, que por pouco que não os celebrava. Agora tenho consciência da volatilidade da existência. Quando se tem a minha idade, toma-se a vida como um dado, e não como uma dádiva. Tenho saudades de sentir isso, que a viva me pertence, mas agora sei, a vida existe sempre, quer tu estevas cá ou não. Ainda me custa pensar na morte, embora me pareça simples. A não-existência é o prenuncio da existência, sempre, quer nós estejamos para nascer ou para morrer. A não-existência não é fácil nem difícil, alias nem É. A vida é simples, demasiado fácil. É difícil lidar com o bruto da vida, ela é tão simples como é cruel.
Eu agora não espero mais do que já tenho. Não desejo mais do que tenho. E o que tenho é bestialmente bom e mau – não acredito mais no bom e no mau, acredito no Ser.
Bom, agora tenho 22 anos. Estou profundamente feliz e melancólica. Estou a ouvir Thom Yorke e a descobrir-me para além do que é possível imaginar. É bárbaro, isso é certo.
Ninguém pode desejar uma coisa assim, por muito que se tenha aprendido. Aconteceu, então é bom gozar o momento, por mais difícil que seja. Não peço para viver os meses que me foram roubados, as experiencias que não tive, não peço para voltar a ter aquela ingenuidade que me tornava docemente ignorante e feliz. Peço para me lembrar sempre que cada dia é especial, cada olhar, cada toque, e saber saboreá-los como únicos que são. Afinal, estou a fazer anos, que por pouco que não os celebrava. Agora tenho consciência da volatilidade da existência. Quando se tem a minha idade, toma-se a vida como um dado, e não como uma dádiva. Tenho saudades de sentir isso, que a viva me pertence, mas agora sei, a vida existe sempre, quer tu estevas cá ou não. Ainda me custa pensar na morte, embora me pareça simples. A não-existência é o prenuncio da existência, sempre, quer nós estejamos para nascer ou para morrer. A não-existência não é fácil nem difícil, alias nem É. A vida é simples, demasiado fácil. É difícil lidar com o bruto da vida, ela é tão simples como é cruel.
Eu agora não espero mais do que já tenho. Não desejo mais do que tenho. E o que tenho é bestialmente bom e mau – não acredito mais no bom e no mau, acredito no Ser.
Bom, agora tenho 22 anos. Estou profundamente feliz e melancólica. Estou a ouvir Thom Yorke e a descobrir-me para além do que é possível imaginar. É bárbaro, isso é certo.
Parabéns pequena Daniela, pelos teus mil anos. Tens muita sorte de estar aqui.
Comentários
Parabens pelos teus 66 anos!
"A não-existência é o prenuncio da existência, sempre, quer nós estejamos para nascer ou para morrer."
Somos parte de um ciclo infinito.. É mais triste nascer que morrer, acredita.. Mas ja que tivemos a "tristeza" de nascer, ao menos que se aprenda algo bom para levar a o outro lado, dimensao, céu, limbo, whatever.. Cada qual lhe xama akilo q ker :)
Continua a viver horizontalmente! O tempo vertical de pouco conta :*