Mais um poema... Se souberes o que isto dignifica, diz-me.

Avalanche

Encontrei-me desencantada.
Só o terreno é certo e nada mais existe para além disto,
Em que escrevo com a minha mão e esquerda.
Se calhar o amanhã me traga boas notícias.
Se calhar viverei numa esfera prefeita.

(A felicidade só existe
Para quem sente falta dela.)

Cada segundo que passa estou um segundo mais perto da liberdade,
E não há segundo nenhum que custe tanto a passar.
Passo uma vida há espera de alguma coisa,
E quando vem, não é assim tão importante.
Mas a expectativa é uma coisa deliciosa
Quando não tens a certeza. Permite-te sonhar.

E que o cansaço que carrego nas costas
Não é só de agora,
Então ouço a avalanche a correr.
(Não sei quando chegará aqui.
Só espero que se engane no caminho.)
Mas há coisas que têm de acontecer,
Não sei porquê.
Para além das minhas dores vou ficar soterrada no branco.

É isso a paz?

O meu lado esquerdo já não suporta mais.
“Tens que reagir, tens que reagir”
E o meu corpo anda sozinho
Cada vez mais forte
Cada vez mais prefeito.
O meu espírito continua na mesma.
Há quem se congratule por isso,
Mas eu queria ser ainda mais forte,
Ser ainda mais prefeita
Que o meu corpo.
Aqui não há expectativa nenhuma.
Sou como sou.
Sou como sou.
Sou como sou…


08-04-08

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