O Veneno e A Verdade

Dói-me o corpo por dentro.
É como se estivesses a ser comida
De dentro para fora.
Como se um vírus apodrecesse todos os músculos,
Todos os tendões, todos os ossos.

Tenho dores porque o sinto a revolver-se,
A consumir-me, a amar-me.
Dentro de mim só resta uma papa amarela,
Podre, líquida, que me tenta sair pelo nariz.

Tenho de tapar a boca sempre para não me vomitar,
Um jacto de verdade e desencantos,
Mil palavras sem sentido nenhum
Porque o único sentido das coisas
É não haver sentido nenhum.

As coisas não acontecem por um sentido qualquer,
Não foi Deus, ou o destino, ou um desígnio qualquer.
As coisas acontecem porque devem acontecer.
É difícil responsabilizar o Nada,
É por isso que crês. Para não sentires medo,
Medo da solidão, medo de morreres sozinho.

O veneno do descrédito é a verdade,
Não haver nada nem ninguém que te salve,
Não haver justificações para nada,
Não haver absolvição para nada.

Comentários

Carolina Salgado disse…
Ganhei coragem. Já por aqui passei vezes sem conta desde que me deste o teu blog. Por me sentir extremamente sentida por tudo quanto dizes e pela forma como o dizes até hoje não deixei nenhum coment. Passei essencialmente para te dizer o quanto te admiro apesar de pouco ctg ter falado. Sexta-feira já me vou daqui embora e talvez não te volte a ver tão cedo mas vou estando atenta ao teu blog. Deixo-te aqui o meu mail para o caso de estares tao interessada quanto eu em te conhecer. pq sim, admiro-te. pq sim. carolinasalgadosantos@hotmail.com
Um beijinho muito grande da terapeuta estagiária do Hospital de Leiria

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