Dia 2 - Masturbação mental frustrada
Day 2
11-07-08
(Organizar o pensamento é difícil, cada vez me apercebo mais disso.)
Tomamos o pequeno-almoço juntos e esse é, para mim, o verdadeiro momento de preparação do trabalho que vamos fazer. Surgem conversas estonâneas sobre tudo, mas invariavelmente acabamos por falar no trabalho, abordamos o Dogma e os nossos projectos e as nossas preocupações com isso. Pessoalmente, na parte das preocupações, eu não participo. Não tenho tantas dúvidas como os meus colegas porque - já tinha um pouco essa noção, mas agora tenho a certeza - acho que ainda não recuperei a minha capacidade crítica (nem sei se vou alguma vez recuperar, não sei de nada para além deste momento em que estou aqui). Compreendo o que eles dizem, mas para mim não se passa o mesmo porque aceito tudo. Estou muito perdida, ou então estou a simplificar - a minha cabeça está em delay, e precisa de simplificar tudo. Não sei se isto é bom ou mau, corro o risco de fazer um trabalho muito naif, mas por outro lado não corro o risco de complicar as coisas e fazer algo que não seja facilmente compreensivel. Eu quero que o público me preceba, todo o tipo de público, e não só uma elite.
Depois do pequeno almoço, o Alexandre apresentou ou seu projecto, "Vou a tua casa e não estás".
A tarde foi um pouco mais dura para mim. Comecei a perguntar aos meus amigos por MSN "O que é o Tempo?" e obtive algumas respostas interessantes, especialmente com uma amiga minha, Raquel Monteiro. Ela respondeu-me "vida". Abrodamos a questão da existência e da vida - se podia haver existência sem haver necessariamente uma vida (por ex., uma pedra existe e não tem vida) - a crença entre outras coisas. Foi deveras interessante ter uma conversa assim, pois esses pensamentos para mim não passavam de monólogos. Gravei a conversa para te dar a ler, mas a vida tem coisas do caralho, e o meu PC, que é um VAIO XPTO, com o Vista cheio de paneleirices, que comprei em Fevereiro por cerca de 1500€ não arrancava. Putz. Tive de o formatar para ter pc para o outro dia... (Desabafo...)
Vida/ Existência
Então vou só escrever as coisas que tirei para mim, coisas que me lembro. O tempo é a existência e não necessáriamente a vida. A vida é a medida do Homem, o que ele consegue compreender, porque a existência é algo que não é comensurável. Vida = medida do Homem, Existência = modida do Universo. Para o Homem, o tempo é a vida, para o Universo o tempo é a existência. Para combater o receio da morte, existem crenças, religiões, mas o Homem não consegue entender que a vida não acaba, só a morte existe. Há sempre vida no Mundo, quem nós estejamos vivos ou não. A morte é algo que o Universo percisa que haja, para uma expansão do próprio Universo. É difícil fazer o Homem compreender que a vida exista para além dele mesmo, mas se algum dia deixar de existir qualquer tipo de vida no planeta, ainda existe a propria Existência. Só quando o próprio Universo deixar de existir é que deixa de haver Existência.
Eternidade
A Eternidade existe quando alguém vivo e racional toma conhecimento que aquela pessoa existiu (por ex., um escritor, ou umas ossadas de outras civilização). A Eternidade não é para o sujeito que viveu, mas para o sujeito que nesse momento toma conhecimento da existência de alguém. O sujeito tem conhecimento da Eternidade como conceito, mas como objecto ela não existe, ou seja, a Eternidade tal como nós a entendemos, não existe. A Eternidade é algo que o Homem inventou para não sentir medo da morte, e até sentir conforto na morte.
Crença
A Eternidade está completamente ligada à Crença, seja ela religiosa ou não. Uma pessoa que crê em qualquer coisa (seja no destino, seja no passado) acredita em coisas que não sabe. Comprovam-nos coisas (como a Terra ser redonda) mas o que existe é só o que estamos a ver naquele preciso momento (por ex., eu estou no quarto e ouço as pessoas a falar, mas não as vejo logo não existem). Todo o Ser Humano crê, porque sabe que é verdade e não tem dúvidas disso, tanto faz acreditar numa realidade ou numa ficção (pois para essa pessoa as duas são reais).
Tempo
Então descobri que à minha pergunta "O que é o Tempo?" a resposta já está incluida, o Tempo é um ciclo tão simples, é fim da Existência", ou o fim do próprio Tempo. Lembrei-me agora de um trava-línguas que aprendi na escola e é a verdade:
"O Tempo perguntou ao Tempo quanto tempo o Tempo tem, o Tempo respondeu ao Tempo que o Tempo tem o tempo que o Tempo tem."
Foda-se é tão simples quanto isso!
À noite estivemos a fazer um brainstorming em grupo sobre cada um dos projectos (e o Tempo andava a martelar-me a puta da cabeça...)
11-07-08
(Organizar o pensamento é difícil, cada vez me apercebo mais disso.)
Tomamos o pequeno-almoço juntos e esse é, para mim, o verdadeiro momento de preparação do trabalho que vamos fazer. Surgem conversas estonâneas sobre tudo, mas invariavelmente acabamos por falar no trabalho, abordamos o Dogma e os nossos projectos e as nossas preocupações com isso. Pessoalmente, na parte das preocupações, eu não participo. Não tenho tantas dúvidas como os meus colegas porque - já tinha um pouco essa noção, mas agora tenho a certeza - acho que ainda não recuperei a minha capacidade crítica (nem sei se vou alguma vez recuperar, não sei de nada para além deste momento em que estou aqui). Compreendo o que eles dizem, mas para mim não se passa o mesmo porque aceito tudo. Estou muito perdida, ou então estou a simplificar - a minha cabeça está em delay, e precisa de simplificar tudo. Não sei se isto é bom ou mau, corro o risco de fazer um trabalho muito naif, mas por outro lado não corro o risco de complicar as coisas e fazer algo que não seja facilmente compreensivel. Eu quero que o público me preceba, todo o tipo de público, e não só uma elite.
Depois do pequeno almoço, o Alexandre apresentou ou seu projecto, "Vou a tua casa e não estás".
A tarde foi um pouco mais dura para mim. Comecei a perguntar aos meus amigos por MSN "O que é o Tempo?" e obtive algumas respostas interessantes, especialmente com uma amiga minha, Raquel Monteiro. Ela respondeu-me "vida". Abrodamos a questão da existência e da vida - se podia haver existência sem haver necessariamente uma vida (por ex., uma pedra existe e não tem vida) - a crença entre outras coisas. Foi deveras interessante ter uma conversa assim, pois esses pensamentos para mim não passavam de monólogos. Gravei a conversa para te dar a ler, mas a vida tem coisas do caralho, e o meu PC, que é um VAIO XPTO, com o Vista cheio de paneleirices, que comprei em Fevereiro por cerca de 1500€ não arrancava. Putz. Tive de o formatar para ter pc para o outro dia... (Desabafo...)
Vida/ Existência
Então vou só escrever as coisas que tirei para mim, coisas que me lembro. O tempo é a existência e não necessáriamente a vida. A vida é a medida do Homem, o que ele consegue compreender, porque a existência é algo que não é comensurável. Vida = medida do Homem, Existência = modida do Universo. Para o Homem, o tempo é a vida, para o Universo o tempo é a existência. Para combater o receio da morte, existem crenças, religiões, mas o Homem não consegue entender que a vida não acaba, só a morte existe. Há sempre vida no Mundo, quem nós estejamos vivos ou não. A morte é algo que o Universo percisa que haja, para uma expansão do próprio Universo. É difícil fazer o Homem compreender que a vida exista para além dele mesmo, mas se algum dia deixar de existir qualquer tipo de vida no planeta, ainda existe a propria Existência. Só quando o próprio Universo deixar de existir é que deixa de haver Existência.
Eternidade
A Eternidade existe quando alguém vivo e racional toma conhecimento que aquela pessoa existiu (por ex., um escritor, ou umas ossadas de outras civilização). A Eternidade não é para o sujeito que viveu, mas para o sujeito que nesse momento toma conhecimento da existência de alguém. O sujeito tem conhecimento da Eternidade como conceito, mas como objecto ela não existe, ou seja, a Eternidade tal como nós a entendemos, não existe. A Eternidade é algo que o Homem inventou para não sentir medo da morte, e até sentir conforto na morte.
Crença
A Eternidade está completamente ligada à Crença, seja ela religiosa ou não. Uma pessoa que crê em qualquer coisa (seja no destino, seja no passado) acredita em coisas que não sabe. Comprovam-nos coisas (como a Terra ser redonda) mas o que existe é só o que estamos a ver naquele preciso momento (por ex., eu estou no quarto e ouço as pessoas a falar, mas não as vejo logo não existem). Todo o Ser Humano crê, porque sabe que é verdade e não tem dúvidas disso, tanto faz acreditar numa realidade ou numa ficção (pois para essa pessoa as duas são reais).
Tempo
Então descobri que à minha pergunta "O que é o Tempo?" a resposta já está incluida, o Tempo é um ciclo tão simples, é fim da Existência", ou o fim do próprio Tempo. Lembrei-me agora de um trava-línguas que aprendi na escola e é a verdade:
"O Tempo perguntou ao Tempo quanto tempo o Tempo tem, o Tempo respondeu ao Tempo que o Tempo tem o tempo que o Tempo tem."
Foda-se é tão simples quanto isso!
À noite estivemos a fazer um brainstorming em grupo sobre cada um dos projectos (e o Tempo andava a martelar-me a puta da cabeça...)
Comentários
Apesar de sermos detentores de um "dom" (ou "maldição) - a consciência - isso não faz de nós privilegiados perante as restantes espécies. Se um dia calhar a nossa vez de sermos extintos, seremos e o Universo não irá entrar em depressão por causa disso. Não somos mais do que as trilobites, os dinossauros, os mamutes ou outras espécies que já não existem. Mesmo que o sol, no seu final de vida, inche para uma gigante vermelha e engula a Terra, aniquilando-a, o Universo continuará. Isso acontece recorrentemente na astronomia. Não somos mais, ou menos especiais, no nosso planeta azul, só porque temos consciência das coisas.
Esta realidade caótica, aleatória, cruel e completamente imprevisível faz confusão a um ser tão racional como o Homem, que ainda acredita em verdades absolutas e causas primordiais para tudo o que existe. É por isso que criou deus(es), o pensamento filosófico, etc. Formas de conseguir entrar no campo do abstracto e procurar encontrar conceitos que ajudem a tapar falhas. Para o Homem, a realidade está longe de ser assim tão simples. Aliás para ele nada pode ser simples. Sente dificuldade em mover-se no elementar, no real, naquilo que está mesmo à sua frente. Para ele tem sempre de existir conceitos abstractos, propósitos. Nunca olha para o que está mesmo em frente do seu nariz.
É por isso que conceitos como a Eternidade caem tão bem na mente humana. É um conforto acreditar nela, pois o Fim é assombroso para alguém que tomou consciência de si próprio e de tudo o que vê. Um fim não parece possuir nenhum propósito... se as coisas existem porque é que tem de se extinguir? Tem de existir algo de especial, afinal de contas somos tão especiais! Vejam que até somos capazes de construir coisas, pintar quadros, conhecer o passado e prever o futuro!
Passado... Futuro... Eu que sou estudante de arqueologia tenho perfeita noção de que conhecer verdadeiramente o passado é uma grande treta. Podemos ter pequenas luzes do que terá sido, mas mesmo assim acabamos por reconstruí-lo à nossa imagem. É impossível realmente saber como era a raça humana nos seus primórdios. Mesmo quando estamos a falar do tempo dos nossos avós e bisavós, já achamos estranho as coisas serem tão diferentes, mentalidades tão distintas num tempo tão próximo. Assim sendo, por mais coisas que possamos vir a descobrir, nunca iremos realmente saber como se passaram as coisas, porque o passado não é para nós o presente... e o Homem só sabe mexer-se realmente no presente. Surgiu-me na memória um exemplo prático que vi num vídeo do professor Richard Dawkins (Universidade de Oxford). Ele colocou uma régua gigante no anfiteatro em que estava a dar a palestra e apagou as luzes. Um foco de luz azul iluminou apenas um pequeno círculo dessa régua e foi deslocando-se ao longo da mesma, de uma ponta à outra. E foi assim que ele demonstrou o que é a verdadeira consciência humana reflectida num espaço de tempo cronológico. O foco é aquilo que realmente vemos e conhecemos. O Presente, o plano em que estamos vivos, em que existimos. Aquilo que o foco deixa para trás é a escuridão do Passado, o qual nunca iremos conhecer verdadeiramente. A escuridão adiante do foco é o futuro, que também nada sabemos dele.
Isto tudo para dizer o quê? O Homem sendo detentor de uma consciência, moldou a realidade à sua medida. Tudo o que interpreta é consoante os seus valores, a sua capacidade de observar e assimilar o que aprende. Extrapola assim para conceitos abstractos que o ajudam a lidar com a realidade, mesmo que não sejam verdadeiros. Move-se melhor no abstracto do que no real. Sente-se seguro no complexo mais do que no simples. Para o Homem o Tempo é algo que ele sonha controlar ou prever. Sonha ser capaz de se desviar dos azares da vida e caminhar para a eternidade. É isso que o faz lutar pela sua própria sobrevivência. Procura esquecer-se de que não é mais do que uma das muitas espécies que existe num dos [...]ziliões de planetas, que se encontra num dos [...]lhões de sistemas solares que fazem parte do Universo.
O que realmente impede o Homem de viver é a noção de que um dia deixará de existir.