Chantal

Não tenho grandes palavras nem pensamento,
Nem grandes teorias nem argumentos.
Tenho um punhado de expirações, e de diafragmas descontrolados
E de suores frios na espinha.
Não tenho mais nada do que uma esperança e muita raiva,
Confusão e reticencias e amor cego.

O tédio, outrora combatido com vinho barato
E longos monólogos aquecidos por bafos de cigarros,
É agora acompanhado de uma frustração violenta,
Que me rasga sem eu pedir.
O sangue que jorra não é mais o meu,
Mas o de uma rapazinho que fora livre,
Livre para se esconder e tirar gozo disso.

Estou presa no meio de mim
Tenho um tempo que não é humano
A minha cabeça não me reconhece
Sou um monstro sem clemência e sabes que mais?

Odeio escrever.
Quero fornicar com a vida, quero sentir em vez de sonhar.

Chantal, em A Rua de Jim Cartwright (2006)

Comentários

Anónimo disse…
Bem já que ninguém te comenta os posts, eu faço-o!! =P

Por momentos pensei que o poema pertencia a alguma peça, mas depois apercebi-me que era de tua autoria. Por mais que digas que odeias escrever, estou sempre ansioso por ler-te.

Identifico-me totalmente com o último verso: "Quero fornicar com a vida, quero sentir em vez de sonhar."

Sentir... tenho aprendido muito sobre isso nos últimos tempos graças a olhos felinos que me ensinam com a experiência.

T.E.U
Anónimo disse…
Gostei muito deste texto.
Beijinhos
Manel(ficámos de ir ao pinhal sentir os cheiros!)

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