Um pequeno passo para a humanidade, mas um grande para mim!!
Terça-feira. Fui ao centro de emprego pela primeira vez. Uma confusão danada, mil senhas, até que encontrei a minha: “pessoas portadoras de deficiência e etc, etc…”. Eu sou portadora de deficiência, não é? Passei à frente de toda a gente. Afinal uma pessoa tem que aproveitar, tem coisas más, mas tem recompensa e faço tenções de as aproveitar todas.
Fui para um gabinete e nem sabia o que dizer. “Olá, quero arranjar emprego”. Expliquei que… Tu sabes, estou um pouco farta de explicar que tive um AVC. Ficamos a falar uma hora e meia. Uma mulher fantástica, orientou-me, aconselhou-me, falou comigo. Saí de lá com esperança. Vão meter-me numa coisa chamada “emprego protegido”, já que ainda estou em recuperação e não produzo como uma pessoa normal. Depende, de me meterem à frente de um computador é diferente, mas logo se vê. A doutora mandou-me ir lá hoje para falar com o responsável pelos empregos protegidos.
Então hoje foi um dia complicado. Comecei com as máquinas, não é fisio porque ainda estou em liste de espera, mas pedi para fazer máquinas (sinto falta, tenho o joelho bambo o que me faz não por o pé correctamente no chão). Estava a vir para casa (como sempre, a andar rápido. Acho que o facto de ter andado sempre atrasada me fez ganhar um trauma em andar devagar…) e torci o pé direito com tal violência que nem o conseguia por no chão. Atravessei a rua ao pé-coxinho para me sentar. Vinha um homem atrás de mim com uma miúda que devia ter uns 8 ou 9 anos e perguntou se eu estava bem. “Estou, isto já passa” disse, no meio de dores alucinantes. Se doeu brutalmente no direito, se tivesse sido no esquerdo… Até me dói só de pensar. O homem continuou o seu caminho e ia a dizer para a miúda “vês? É o que acontece ás pessoas que andam rápido!”. Mesmo com dores não consegui evitar um sorriso (meio tremido). Continuei o caminho muito devagar, sentia o pé a inchar. Cheguei a casa e deitei-me. Começou-me a doer o joelho, até mais que o pé. Pensei “estou f*dida” porque tinha que ir ao centro de emprego. O que vale é que apanhei boleia até lá. Falei com o psicólogo clínico que está responsável pelo o serviço, estivemos a falar um pouco e ele disse que me contactava para uma entrevista, para ver com os terapeutas o que era mais indicado para mim. Saí de lá com dores de cão, e fui comprar um joelho elástico e um pé elástico. Tive de correr meia Caldas para encontrar, e ainda tive que vir a pé para casa porque o TOMA (autocarro urbano) chega a todo o lado, mas nunca chega a horas. Fui a pé para casa (a minha impaciência ás vezes dói mais que outra coisa qualquer…). Cheguei a casa e meti logo tudo, e, apesar das dores, senti o pé mais apoiado. Agora tenho terapia na sexta e espero que as passem até lá.
Comentários
Ana Rita: Ás vezes só me apetece bater-te. Mas isso tu já sabes. Ana Rita AHAHAHAH
Um beijo,
Joana