"Falhar, falhar mais vezes, falhar melhor!"
Estou a ouvir um tributo aos Siouxie and the Banshees (que basicamente é o todo o álbum Juju) desde as 19h. É sinal de duas coisas, ou estou-me a preparar para sair a uma festa ’80 (o que, logicamente não é o caso, porque é 1h da manhã e estou de pijama desde que acordei) ou estou um bocadito deprimida por não poder fazer as noitadas que fazia há uns tempos (mais precisamente 1 ano, 3 meses e 15 dias). Ah, e estive a ver umas fotos do “antes” e “bateu saudade”, o que não ajuda à festa. Guardo os fins-de- semana para relaxar, não fazer puto e ficar nostálgica. Por isso é que no meu quarto nas Caldas não tenho fotos nenhumas de antes de 2008, alias, nem no pc. Acho que ainda não encontrei um equilíbrio entre o “antes” e o “depois”, mas é difícil. Primeiro rejeita-se, depois aceitas e acho que a compreensão vem muito tempo depois, a par com a maturidade. E penso que vou sempre aprendendo com isto, mas de uma forma consciente, e não inapta e alheada como faço agora (para aceitares tens de entender qualquer coisa, mesmo que não saibas o que é). A recuperação é um atentado à paciência de qualquer ser humano, porra. E ontem fui com a Mimi Siku ao veterinário pois já não ia há quase dois anos, e como mudei de medico ele ficou espantado com o facto de ela nunca ter levado nenhuma vacina, e alertou-me para o facto da minha gata poder ter cancro por não ser castrada, e aconselhou-me a faze-lo. Fiquei assustada porque não queria que ela passasse por uma cirurgia, e vê-la a recuperar… Só os “bip-bips” das máquinas me estavam a assustar… E agora tenho medo da operar porque me disseram que ela é velha e pode morrer na anestesia, ando aqui com o coração nas mãos sem saber o que fazer! Agora começo a compreender o porquê da hesitação da minha mãe em assinar o papel que notificava os riscos da minha operação. Claro que não é a mesma coisa, mas ajuda-me a compreender o outro lado, o lado de fora, a impotência e a indecisão. Porque se as coisas correrem para o torto a pessoa culpar-se-á para sempre. Claro que confio no veterinário, mas neste momento mexe com muitas coisas, antes não teria qualquer duvida e faria-o sem problemas de maior.
Quero viajar, correr a Europa de comboio. Antes o problema era o dinheiro. Agora, antes do dinheiro, vem a minha recuperação. Sempre quis dar uma volta pela Europa quando terminasse o curso, em vez disso tive uma volta ao meu cérebro e, consequentemente, à alma. Não me sinto lá muito realizada, e a única coisa que peço é um empregozito para juntar uns trocos para daqui a um tempo, seja quando for, retomar esse plano, nem que seja daqui a 10 anos. Mas saber que estou a fazer algo por mim levanta-me a auto-estima, faz-me sentir-me útil. Convidaram-me de novo para dar aulas nas Marinha, mas não posso, como é lógico. Começo a duvidar se a escolha que fiz foi a mais correcta… Porque tinha um plano, que era tirar o Mestrado, mesmo sabendo que não tinha a certeza se o Mestrado abria ou não. Arrisquei, e parece-me que não estou a petiscar... Calma, as coisas hão-de surgir, eu sei… Mas a calma esgota-se. Ou melhor, descarrega, como se fosse uma bateria, porque tenho sempre que a voltar a carregar. Ás vezes leio uma entrevista que o Miguel Seabra (actor e director do Teatro Meridional, que teve exactamente o mesmo problema que eu em ‘95 – ele tem 43, pelas minhas contas) deu a um site (http://www.c-e-m.org/reflexoes/014/4.htm) e fico sempre mais animada quando leio coisas dele. Ele dizia, numa das pesquises que fiz sobre dele: “Decidi que tinha que seguir em frente e sempre para cima! Ajudou-me sentir que tinha a confiança dos que estavam à minha volta para poder falhar e recomeçar. Lembrava-me sempre da frase de Samuel Beckett: “falhar, falhar mais vezes, falhar melhor!”” – roubei este excerto do site http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/25322.html . Choro muitas vezes, mas aquela frase do Beckett viola-me porque já a tinha lido há tempos e não a compreendi. Agora evito ler Beckett porque me parece assustadoramente claro. É um grito (vejo assim, a minha interpretação pode não ser a mais correcta, mas que se foda) de aceitação e libertação do erro, porque afinal a perfeição é uma noção obtusa, eu falho, falho muito, falho demais, mas luto para caralho e aprendo a manipular os meus erros para me serem úteis. Porra. Já estou a chorar outra vez. Mas é bom explodir aqui, onde não me julgas. Mas é um choro de alívio, precedido de uma raiva imensa que cresce todos os dias e nem me apercebo porque estou mais ocupada a lutar. E quando paro, sai tudo. Alivio. Para retomar o combate comigo e sair vitoriosa. Outras vezes chegamos a um acordo, o que não é mau.
Quero viajar, correr a Europa de comboio. Antes o problema era o dinheiro. Agora, antes do dinheiro, vem a minha recuperação. Sempre quis dar uma volta pela Europa quando terminasse o curso, em vez disso tive uma volta ao meu cérebro e, consequentemente, à alma. Não me sinto lá muito realizada, e a única coisa que peço é um empregozito para juntar uns trocos para daqui a um tempo, seja quando for, retomar esse plano, nem que seja daqui a 10 anos. Mas saber que estou a fazer algo por mim levanta-me a auto-estima, faz-me sentir-me útil. Convidaram-me de novo para dar aulas nas Marinha, mas não posso, como é lógico. Começo a duvidar se a escolha que fiz foi a mais correcta… Porque tinha um plano, que era tirar o Mestrado, mesmo sabendo que não tinha a certeza se o Mestrado abria ou não. Arrisquei, e parece-me que não estou a petiscar... Calma, as coisas hão-de surgir, eu sei… Mas a calma esgota-se. Ou melhor, descarrega, como se fosse uma bateria, porque tenho sempre que a voltar a carregar. Ás vezes leio uma entrevista que o Miguel Seabra (actor e director do Teatro Meridional, que teve exactamente o mesmo problema que eu em ‘95 – ele tem 43, pelas minhas contas) deu a um site (http://www.c-e-m.org/reflexoes/014/4.htm) e fico sempre mais animada quando leio coisas dele. Ele dizia, numa das pesquises que fiz sobre dele: “Decidi que tinha que seguir em frente e sempre para cima! Ajudou-me sentir que tinha a confiança dos que estavam à minha volta para poder falhar e recomeçar. Lembrava-me sempre da frase de Samuel Beckett: “falhar, falhar mais vezes, falhar melhor!”” – roubei este excerto do site http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/25322.html . Choro muitas vezes, mas aquela frase do Beckett viola-me porque já a tinha lido há tempos e não a compreendi. Agora evito ler Beckett porque me parece assustadoramente claro. É um grito (vejo assim, a minha interpretação pode não ser a mais correcta, mas que se foda) de aceitação e libertação do erro, porque afinal a perfeição é uma noção obtusa, eu falho, falho muito, falho demais, mas luto para caralho e aprendo a manipular os meus erros para me serem úteis. Porra. Já estou a chorar outra vez. Mas é bom explodir aqui, onde não me julgas. Mas é um choro de alívio, precedido de uma raiva imensa que cresce todos os dias e nem me apercebo porque estou mais ocupada a lutar. E quando paro, sai tudo. Alivio. Para retomar o combate comigo e sair vitoriosa. Outras vezes chegamos a um acordo, o que não é mau.
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