Reflexão #2

As pessoas fizeram coisas inacreditáveis por mim. Coisas que só um afecto de um adolescente conseguiria. Numa altura, tive uma grande paixão por um guitarrista, que vivia para a música, numa daquelas febres cósmicas que deixava toda a gente perplexa. A sigularidade disto é que ele fez uma música para mim. E hoje, quatro anos depois, e alheio ao que nos tormanos, encontrei-a. E foi um achado precioso, que ocorreu no momento exacto. É que agora estou a passar uma fase nostálgica tão pura como perturbadora, uma fase que me faz ter saudades da paixão e do erro, da mágoa e da fascinação. Isto tudo para dizer que me sinto desoladamente só.
Eu não sou, definitivamente, a mesma pessoa que era, para o bem e para o mal, mas continuo a amar como uma adolescente. E escrevo isto às três horas da manhã, numa urgência obtusa porque passei a tarde a falar do metafísico com o meu amigo Manuel e só estou descansada agora. O "pior" disto tudo é que começo a ter saudades da minha vida e não, não quero ter paciência ou calma, neste momento quero estar nesta languidez nostálgica e pensar "que bom eu não ter aproveitado aquele momento" que bom ser imprefeito, sim, pois agora posso recorda-lo de coração mole. Estou feliz por ter falhado aquela relação, e grata por ter falhado outras tantas, pois agora, de vez em quando, encontro testemunhos deles. E como ele fez essa música para mim, não hesito em coloca-la aqui. Para tu a ouvires e também mergulhado nesta coisa que é uma saudade sem ânsia, saudade apenas, sem pretensões. Até porque se o voltasse a ver, esta magia desparecia, e deixava de ser uma relíquia para ser uma coisa qualquer. O nome desse guitarrista é Miguel, e quando ele fez essa música ele tinha 17 ou 18 anos. Espero que a compreendas tão bem quanto eu.

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