Atar os Sapatos
Um dia, quando estava sentada na minha cama, fitei os meus sapatos desapertados. Olhei para eles como de um touro se tratasse, quando o animal e toureiro sabem instintivamente que vão competir e só um deles irá vencer. É que a paciência nunca foi o meu forte, e aqueles minutos em que esperava que a minha mãe viesse ajudar-me, pareciam-me horas. Não aguentei mais. Envolvi-me num duelo com fitas, dedos, solas, e, por um momento, apercebi-me que já tinha conseguido. Nesse momento o mundo parou de girar e eu pude gozar aquele instante narcísico.
Eu não sabia ler, nem escrever, nem falar, mas sabia atar os sapatos.
Levantei o tronco, e fiquei hirta, com um sorriso tão leve que nem me apercebi que estava a sorrir.
Fins de Agosto
Eu não sabia ler, nem escrever, nem falar, mas sabia atar os sapatos.
Levantei o tronco, e fiquei hirta, com um sorriso tão leve que nem me apercebi que estava a sorrir.
Fins de Agosto
(Eu sei que a gravação está manhosa, mas era para vocês terem uma ideia...)
Comentários
Tudo o que me sai quando vejo este post e esta gravaçao..
Nao sorriso de pena, tristeza, alegria, admiraçao.. Nada disso! Sorriso de criança! Sorriso de criança quando vê algo bom acontecer a sua volta! Algo mágico!
Sorriso de quem vê uma guerreira a voltar a pegar na espada!
*