Carta para vós.

Mau mau Maria. Assim não. A nostalgia faz mal à pele e eu não quero ter rugas. Mas aquele bichinho... que pica e pica e pica, não dói mas incomoda, consegues viver a vida toda a pensar que lutaste o suficiente e não conseguiste. Mas não lutaste. Nem lá perto.
A tua vida começou a correr mal no dia em que lhe quiseste dar um rumo. Perdeste amores honestos, amigos sinceros e, sobretudo, deixaste escapar por entre os dedos a tua paixão. Vives remediada, acostumada, amedrontada, fazes questão de ser ignorante para não doer tanto, ne c'est pa vrai? Ranjo os dentes de frio e de excitação, vi a luz! A merda do problema não está nem nunca esteve nos outros, mas em mim. Ein, mas que grande velhaca me tornei... e a cada dia que passa cedo um pouco mais à frustração e torno-me mais amarga e solitária.
Vê este blog. Vê as pessoas que me liam. Desisti e também elas desistiram, e então fui destronada do palco e deixei-me ficar no chão. Estou a acordar, quero acordar mas sem amparo é difícil. Hoje é, das coisas que sinto mais falta é da minha arrogância e obstinação que nunca me deixavam desistir. Mas fi-lo um dia, e quando se cai e se é frágil a tendência é partir algo. Mas a minha raiva é uma luta constante contra o tempo. E contra o tempo ninguém vence.

23 Maio 2016

Música: The Killer's Vanilla, Amon Tobin

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