PessimistatsilaeR
Não foi por falta de vontade, acredita. Parei, agora, porque adoeci. Tenho a cabeça a ferver, não de raiva - de vida. E a vida nem sempre é boa.
Hoje uma colega comentou que era pessimista. Disse-o sem muita atenção, e eu agarro e disseco, na tentativa infrutuita me conseguir preceber o ollhar alheio. Sim, há uma natureza catastrófica em mim, e não é que queira - somos só reflexos no nosso passado. O pessimismo pode ser realismo para o outro - achei interessante aquela interpretação. De viver com o coração na manga e não dar a não a ninguém para que ele não descaía. Não quero, com isto, deixar passar a noção que a minha vida é uma merda - é, mas é a minha.
Parece que arrasto fogo por onde passo. Questiono, muito e sempre, sempre o fiz e quando o deixei de fazer comeram-me. Sei também que queimo muitas pontes mas será que quero mesmo passar aquela ponte? Poderás pensar que sou uma privilegiada ingrata e terás razão, mas nao posso nem quero compactuar não nada que vá contra aos meus princípios. É só normal num gato escaldado.
Não me vendo por oportunidades nem privilégios. Acho que isso me torna radical, na verdade já não consigo engolir sapos para evitar drama. Se me responsabilizo pela merda que faço, vou chamar a atenção quando não o fazem. E sei que isto é quase utópico, esperar honestamente - mas as pessoas estão sempre cobertas de razão não é?
"A minha verdade", disse-me uma curadora. "Lamento que te sintas dessa forma". Não tenho paciência para guerras de egos e se vir que a pessoa é uma pessoa-parede afasto-me. Ainda estou a tentar preceber o que é uma pessoa que se "identifica como pessoa com deficiência". Soou-me insultuoso, mas tenho que estudar para não cair em falácia.
Não tenho medo da perda, o que me torna meio inconsequente, se ser adulta é lidar com os delírios dos realmente privilegiados de bom agrado abandono o sistema falacioso das "boas intenções" e do positivismo tóxico. E nem me voltem a perguntar o signo antes que vomite.
Já escrevi aqui e volto a reescrever - nÃo ExIsTe ToLeRâNcIa PaRa Os InToLeRaNtES. Estou ciente do custo que esta minha posição tem, e não existirá nada que me impeça de criar - já pedi na rua, na net, pouca coisa me embaraça. Creio que não exista insulto que me destuture - tenho doutoramento honorário nisso - e os insultos não começaram em 2007.
Começam em 1991, quando a minha mãe me deixava na minha vizinha que tinha um gosto particular em asfixiar-me, por exemplo. Nunca lhe contei. Começou em 1995 quando um homem me agarrou na rua a beijar-me, no meu caminho para a biblioteca. Comecou na volta da escola para casa no 5o ou 6o ano, onde o famoso "punhetas" e outros parecidos me seguiam até casa a masturbarem-se.
Notas passivo-agressivas são brincadeiras de criança, e não tenho a menor paciência para isso.
Desculpem lá a armagura. Se não explodir aqui explodo no corpo, e este já está bem fodido. Escrito com 38,1.C e a ouvir o Mestre Cartola.

Comentários