Fresh Start


Ora bem. Estou nas Caldas outra vez. Mas desta vez é diferente; trabalho muito, consumo-me a mim mesma em experiencias de dejà vu, mas em que tudo é diferente. Estou literalmente atirada aos bichos (neste caso, um cão e muitas moscas) e ao mundo. Partilho casa com duas raparigas e um rapaz. Não está quase ninguém que conheça lá. Fresh start, I think. Conhecer a nova Dani (como me chamavam nas Caldas), mais organizada, mais caseira. Não o sou por “estar mais madura e responsável” mas sou-o por necessidade. Agora, quando quero fazer algumas coisas ao mesmo tempo, começo por fazer todas só acabo uma. Só mais tarde é que me apercebo que não fiz quase nada do que queria fazer.
Sei que não é desculpa, mas não tenho net nas Caldas e é por isso que não tenho escrito para ti. Isso e o facto que ficar tão esgotada no dia-a-dia que quando estou na Marinha quero só dormir. Estou a reaprender a ser dona-de-casa (é verdade…) e a aprender como usar este corpo novo. Tenho algumas dificuldades quando tenho que lidar com uma coisa pela primeira vez (por ex., acender o fogão) mas assim que me apercebo de como me dá jeito fazer, faço-o rápido. Acho que demoro a fazer as coisas porque ainda estou numa fase de experimentação.
Tenho muitos problemas em adormecer, quando estou nas Caldas. Acho que me sinto sozinha lá, tenho dias em que não vejo ninguém. Agora Caldas é uma cidade vazia de história, para mim. É um sítio familiar mas oco, o que é bom quando se quer recomeçar pois não há ninguém que olha para ti de uma forma condescendente, por muito que as pessoas não queiram fazer isso. Mas neste momento aceito/ compreendo que as pessoas sejam condescendentes comigo. Ainda há pessoas que me viram uma vez depois do acidente e nunca mais me viram (oportunamente). Não quer dizer que não compreenda essas pessoas, e eu também não quero impressionar ninguém. Bom, mas não me apetece escrever sobre isso porque estou cansada e não quero afastar-me muito do tema. Mas a verdade é que as pessoas que me conhecerem só agora aceitam-me, como é óbvio, pois não conheceram a outra Daniela (por muito que queira, não sou a mesma, mas acho muito prematuro analisar os efeitos que o AVC teve no meu carácter, nem sequer se teve qualquer efeito.

Estou nas Caldas, estou a desenrascar-me bem, a noite é madrasta, ando cansada mas muito feliz. Eu já sabia que qualquer mudança é penosa, mas só quero agora viver um dia de cada vez e passear no parque. Passo sempre pelo parque quando vou para a terapia (vou sempre a pé). Sempre é melhor que o stress da nacional que liga a Marinha a Leiria. Ainda só comecei com a terapia ocupacional no (vê lá o luxo) Hospital Termal (que tem carpetes vermelhas nos corredores e é um edifício antiquíssimo) mas reacendeu a esperança de ficar (dita) normal. Sinto-me com outro fôlego e outro ânimo, e não sinto mais aquele tédio corrosivo que come a alma de uma pessoa de dentro para fora.
Ainda há muitas coisas a contar, mas estou mesmo cansada/ preguiçosa. Deixo-te com uma foto-testemunho de como me sinto agora:

Foto por Gustavo Santos

Comentários

Unknown disse…
Es uma porca desaparecida com uma franja à menina cocó e outras coisas k n digo!
Amo-te
Paulo Fadigas disse…
Apenas tenho uma coisa a dizer:

CABELO É ESSE, MOÇA!?!?!?!?!?
zito hioshimito disse…
Já não te visitava a algum tempo...

Fico feliz por te saber bem e com força...

E discordando dos presentes, gosto da franja cocó!

Beijoto gd.

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