Epifania Expresso

Assim que me coloquei confortável (na medida do possível) no lugar 32, tinha um timbre que tão bem conheço a ecoar-me na cabeça. Saquei dos auscultadores (sim, não me meti com os air pots) para ouvir 

Confesso que estava a sonhar acordada com um amor que não o foi, feliz só por supeitar que a vida dele se afigura um pouco melhor do que a última vez que o vi. Queria parabeniza-lo, mas às vezes o melhor a fazer é recolhermo-nos porque a vida continua e a nossa dificilmente se voltará a cruzar. Estou feliz por ele, estou feliz por mim, triste por nós. Aí tenho que me recordar que amo amar e isso não é necessariamente bom. Que tenho uma tolerância enorme e uma esperança astronómica que me faz empatar a vida.
Hoje foi a Nilsson, muitos outros foram também, numa colagem memorio-auditiva. Não espero, até há bastante tempo, por um príncipe, poeta nem homem. A minha adicção é reminiscência, porque poderia ter sido e não foi, combustível para esta vida interna. Sou pouco artista, mas gosto das musas como se fosse grande. E é por isso que sei que, invariavelmente, acaberei como estou, feliz e sozinha, no meu mundo (porque afinal quem quer mesmo viver neste?).
E a vida têm dado tantas voltas que a gravidade nem se aplica, porque estou a aprender a ser livre - é assutador. Como se tivesse pegado nos meus 20 e os tivesse a viver agora - e vivo os meus novos 20 quase aos 40. É algo difícil ter audácia dos 20 aos 40, mas é mais fácil ter o desapego agora. A vida é incrível.

Pois é. Nunca pensei que fosse escrever isto mais (é, nem que seja por este instante - a boiar, antes de voltar a nadar). 
                                        A vida é incrível.

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