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Dói-me a inspirar. A ansiedade comprime-me os pulmões - por vezes o sal agarra-se à minha face, Era bom que o fizesse copiosamente, dessa forma talvez conseguisse respirar mais um pouco. O desejo visceral de ver o ferro jorrar e a luta para não o usar. Olho para a minha mão e diz-me que está velha e cansada e farta. Continua em riste, em punho erguido contra tudo, todos e eu. Sinto o peito a explodir devagar como se de um buraco negro se tratasse, e vai acabar por me consumir. Se é que já não o fez.
A Terra tem, sobre mim, um efeito dissemelhante, puxa-me tanto para si que cavo uma cova a cada passo que dou. Posso cair para o lado que a minha sepultura fica automaticamente pronta. O mundo não precisa de me ouvir, sou um acidente que o destino tento corrigir. Não compreendo porquê este amor pela minha sobrevivência - no fundo é apenas o medo da morte que me coloca aqui. Tento construir algo que se desvanece com a mais pequena das ondas. E repito o processo incessantemente apesar de saber que, no fundo, o mar vai engolir as minhas construções. Só a mim não me leva. Engole-me e cospe-me, como tudo e todos. A vida não é justa, nem tem de o ser. Desencantada, caminho só no meio da multidão. E aí os meus fantasmas vêm visitar-me.
Só o ferro salva. Mesmo que por momentos, só o ferro salva. A medicação... Serve apenas para enganar os lúcidos

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