Mundança

Ela voltou a escrever. Ela já não se sente entediada, apenas limitada pela liberdade. Ela trata-se na terceira pessoa porque muda tão depressa que não chega a ser quem quem é. ou é a rapidez da mudança. Uma boneca nas maos de uma menina.
O tempo, já era tempo. Quando se vive o tempo, não se pensa nele. Anula-se. É marcado pelos outros. É deveras deliciosa a chuva a cair na varanda de um quarto andar que no fundo é um terceiro. E a cama quente. E os pratos sujos. O laranja no cabelo e as palavras ditas em branco sobre branco. Agora ela apercebe-se que nunca houve nada que a impedisse de ser feliz se não ela própria.
Coisas que se descobre no fundo das caixas de recordações dos outros, em sorrisos e em promessas idas. Em suspiros imaginados e enlaces de pernas quentes.
Um dia ela volta. Está ligada umbilicamente a uma coisa que não existe mas que está lá. Como a saudade.

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