38 e um café, se faz favor!

Tem sido difícil encontrar tempo, vontade, coragem, força para escrever, mas aqui vai uma tentativa mais ou menos poética, mais ou menos descritiva ou interessante. A ver.

38 feitos no calor das amizades criadas no frio. A vida tem dado tantas voltas que se tornou difícil acompanhar o passo e, de quando em vez se tropeça ou nos fazem tropeçar. Tem sido uma dura viagem esta, mas continuo.

Tenho-me encontado e inicialmente assustei-me. Ainda tenho medo de levantar a voz, ocupar o espaço que é meu por direito. Tentei (e consegui, de certo modo) tornar-me invisível. Ao contrário da terra do bravo, não fiquei mais mansa, e visto o vestido vermelho com a audácia da mulher que me tornei. Não sou mais nem menos, sou apenas assim como todos os outros, sou tudo ou nada em resposta às circunstâncias.

Deixei Portugal por algum tempo e a liberdade de poder voltar tranquiliza-me. Padeço da inquietação do Variações e vivo bem assim. Não me envergonho mais do meu corpo. Não me envegonho mais da minha cabeça, são o que são e muito o são já.

O facto de não ter nada a perder deu-me tudo a ganhar. Liberdade. Filha de Abril. Cigana. Inconveniente. Ser sem pedir licença ou perdão. 

Ainda há trabalho pela frente, a única certeza que tenho é que nada me cai na mão, tentar, tentar, tentar, rejeição é só mais uma refeição. A paz que se sente quando nos insurgimos.

Não era nada disto que estava a pensar quando peguei no telemóvel para escrever... na verdade tenho ajustado contas comigo própria e com o outro, e tudo começou por causa de um pedido de café - avalanche. Nem eu sabia o quanto bem sabe lembrar as pessoas que sou pessoa também.

Sou pessoa, também.

Detonei bombas e o circo ainda está a arder, e tenho mais para depois. A verdade é que estou exausta de ser tratada como um boneco de trapos atirada aos cães. Não me incómoda mais que os outros fiquem incomodados pelas minhas palavras, mesmo os que amo de peito aberto. A própria vida não me tem sido fácil, nada justa e acabou-me a tolerância para a intolerância.

Filha de Abril, filha de 11, filha de mãe brava e de pai poeta, neta de feiticeira. O trabalho está-me no sangue, a camaradagem também, darei a vida pelos meus caso preciso, é por eles que vivo. 

Quem não tem nada a perder nada teme. A vida obrigou-me a não temer a morte, não temer o desconhecido pois é apenas isso que vivo. A incerteza tornou-se tão familiar que já nem o é.

Assim sendo se fizer o café é para o tomarmos juntos. 






Teaser do meu novo trabalho Auguri! (Agouro)
em modo ensaio/ teste
estreia Julho 2024


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