Gravação #1
Nos meses em que não conseguia escrever fiz uma série de gravações (com muita má qualidade, pois gravava no meu MP3) a falar do que sentia. Nesta altura perdia facilmente o raciocínio, e quanto mais falava mais me perdia. Numa parte riu-me porque tinha-me esquecido do que estava para dizes, o que acontecia regularmente. Já no fim, estava cansada e um pouco frustrada por não ser capaz de exprimir-me, e era esse o problema que estava a focar. Não ser capaz de me exprimir, o que pensava, os meus medos, ou simples ordem, como pedir uma caneta. Transcrevi o texto, pois ele é quase imperceptível. OUVIR MUITO ALTO!
(Até parece mentira, que eu estivesse assim... )
“Bom, eu estou na cama e não sei o que quero falar. Sei lá… eu sou a Daniela, tenho 21 anos, e tive um A.V.C. há pouco tempo, há dois meses, mais ou menos. Não consigo falar muito bem, não consigo ler muito bem, também, não consigo escrever, só copiar, tenho uma perna toda… está… está mais preguiçosa, e também o braço e também um bocado da face. Mas de resto está tudo bem, já fui operada e… e… pronto! (riso) Mais… Não sei quando (imperceptível) … Desculpem… Eu às vezes não consigo falar, mas eu tento (expressar-me) falar, mas eu não consigo eu agora não consigo… (expressar-me) não consigo… Ah… Não dá… Agora não consigo escrever poesia, nem consigo performance, também não consigo ver teatro, nem coisas que eu gosto, mas não faz mal porque às vezes… eu estou fixe, mas às vezes fico mais… Deixa estar. “
Agosto de 2007
(Até parece mentira, que eu estivesse assim... )
“Bom, eu estou na cama e não sei o que quero falar. Sei lá… eu sou a Daniela, tenho 21 anos, e tive um A.V.C. há pouco tempo, há dois meses, mais ou menos. Não consigo falar muito bem, não consigo ler muito bem, também, não consigo escrever, só copiar, tenho uma perna toda… está… está mais preguiçosa, e também o braço e também um bocado da face. Mas de resto está tudo bem, já fui operada e… e… pronto! (riso) Mais… Não sei quando (imperceptível) … Desculpem… Eu às vezes não consigo falar, mas eu tento (expressar-me) falar, mas eu não consigo eu agora não consigo… (expressar-me) não consigo… Ah… Não dá… Agora não consigo escrever poesia, nem consigo performance, também não consigo ver teatro, nem coisas que eu gosto, mas não faz mal porque às vezes… eu estou fixe, mas às vezes fico mais… Deixa estar. “
Agosto de 2007
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